O artigo analisa uma possível crítica utilitarista a fim de cotejar o direito à propriedade, frente aos interesses tangíveis à vida e à saúde em tempos de Covid-19. Considera-se que as visões utilitaristas de Bentham e Mill não são compatíveis entre si, apesar das distorções efetivadas pelas leituras superficiais que lhes são atribuídas e, por isso, há a insurgente necessidade de analisá-las. Nesse sentido, é por meio da compreensão dinâmica de ambas as posturas que se especula a problemática abordada no artigo sobre o fato de ser possível estabelecer uma crítica no que tange à postura de defesa da propriedade privada frente aos conflitos que envolvem o direito à saúde e à vida, considerando os dilemas da pandemia da Covid-19 (?). A metodologia de abordagem do artigo foi a revisão bibliográfica, mas sem abandonar a leitura analítica e dialética necessária para a construção de um texto que transita na filosofia do direito. Nesse sentido, pode-se confirmar que, em virtude do contexto da Covid-19, no Brasil, sacrificar vidas em prol de um menor desgaste econômico, isso se evidencia como uma contradição facilmente refutada por um olhar mais atento e analítico. Por isso, qualquer resposta oposta à preservação da vida e da saúde, que negligencie a Dignidade Humana, só seria possível perante compreensão deficiente do original utilitarismo clássico.